sexta-feira, 9 de maio de 2008

Poema na pele



Usando tinta dourada

a cor da mais alta nobreza

escreva em minha pele clara

um poema de rara beleza

faça versos em meu corpo

começando pela nuca

rimas descendo pelas costas

deixando as palavras expostas

transforme meu corpo em livro

matéria-prima da criação

com páginas de puro prazer

extasiando a imaginação

páginas macias e frescas

esperando pelos versos

na barriga faça sonetos

que viajem por universos

aqui, em meu corpo-livro

não há limites nem censura

aqui podem ser escritos

poemas de amor e ternura

também aceito em minha pele

o erotismo bem rimado

a demonstração em palavras

do êxtase do ser amado

e depois de percorrer

cada milímetro de pele

a escrever belos versos

marcando meu corpo de leve

quero que este corpo-poema

seja pressionado contra o seu

num deleite de amor e sexo

sem vocabulário e sem nexo

para carimbar em sua pele

cada verso que em mim escreveu...


* Poema inspirado no filme "O LIVRO DE CABECEIRA: O LIVROCORPO"

(The Pillow Book) de Peter Greenaway e nas obras da poetisa japonesa Sei Shonagon.



Flor Poeta

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