Foi numa fração de segundos
que suas defesas viraram escombros.
Lembrou do que não queria lembrar.
Aqueles olhos envoltos em oceano
vieram-lhe à mente, suplicantes.
A imagem do sorriso sedutor,
banhado por vagas, a fez tremer.
Não, não queria sentir, mas sentia.
Não queria esperar, mas ainda esperava.
Não queria mais aquelas cores,
mas ardia em sua paleta
todas as nuances daquele homem.
Tudo veio à tona, tudo floresceu,
o medo tornou-se busca,
o amor finalmente venceu.
E um encontro lancinante
de destinos se fez presente!
Implorou o esquecimento,
mas o corpo explodiu
em sensações e emoções
nunca antes sentidas,
mas há muito reprimidas.
Tentou desviar o pensamento,
mas a nau no horizonte
abarcou a sua emoção.
Fechou os olhos,e o som cálido do seu vulto
tomou-lhe em entusiasmo e desejo.
Todo o esforço foi em vão.
Ele ainda está presente
nas curvas do seu corpo,i
mpregnado, fincado na alma.
Ainda navega por suas veias,
pulsando junto com o seu coração.
Ainda está rubro e implícito,
suspenso em seus sentidos.
Soluçante e enfurecida,
deu-se por vencida!
Deixou o amor, mais uma vez,
florescer em seus poros,
sob as mechas dos cabelos loiros,
em seu olhar, em seu paladar.
A verdade é que nunca suportou
a idéia da distância, mas,
dessa vez, jurou a si mesma
que nunca mais fingiria não sentir...
Flor Poeta